sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A janela do mundo em meu quarto

Oh veja como sou intelectual, veja minhas olheiras, veja como sou artista, sou poeta, plástico, ator, diretor, psicólogo, não não filosofo, ah esse sim filosofo contemporâneo que busca a dialética dos pensadores do passado a explicação e teoria para as minhas angustias e porque não as suas também. Leio Brechet, Platão, Tostoi, Balzac, Dante, que tal um nacional Machado e tantos outros que não quero me alongar nisso.
Veja moro no interior mas tenho a janela do mundo, aqui tenho tudo. Olha sou irreal tá, só gosto de me esconder um pouco porque quero privacidade é isso privacidade quem não quer ne?! Mas coloco tudo o que quero nessa janela poesias pensamentos fotos quadros, meus sonhos são infinitos. Ora o que pensa, veja como sou moderninho, olha meus amigos virtuais, cadê os reais?! Viver de cara limpa e de frente para a vida é difícil o choque do Real é muito e não é pairo para mim.
Agora é serio veja as minhas perturbações e angustias, não é uma obra-prima, veja o sangue na parede, meu Deus como sou trágico. O mundo de mentiras é constante e vicioso, eu prefiro gostar assim sem ser real – ah é e tem que goste? – oh se tem... atualmente tenho uma namoradinha, mas tenho uma mulher que eu queria te-la não sei como a seja e nem como ela é, mas queria Ter. - Mas que mundo é esse seu no seu quarto, privado, meio mórbido a vida não é mais do que isso?!- A meu amigo o meu mundo esta na minha janela, meus pais não me compreende, tenho tudo nunca necessitei de nada e mesmo assim necessito de tudo. Agora to em euforia já tive e tenho de certo modo tristezas, o meu sangue é goteira na parede dela.
Oh como sou moderno, como tenho o espirito elevado, como tenho amigos artistas de todas as espécies nessa janela, nunca os vi, nunca falei com eles, temos discursos calorosos, mas nunca olhamos um para o outro – então não sabes a prova de um olhar verdadeiro mesmo quando se mente – ah pra que isso se por aqui é mais pratico quando fecho a janela termina lá nunca dei bola para alem disso.
Eles me acham e sou mesmo um gênio vejo filmes e de Bergman, Antonioni, Fellini e todos os alemães, a também o teatro os poetas, nossa sou muito mais eu e meus pensamentos, não gosto de me expor mas exponho tudo o que penso, sou é intelectual moderno. Tenho esconderijo magico é só meu é só nosso, ela nunca me viu, mas deliria com meus pensamentos as minhas poesias, eu ate gosto dos quadro dela, nunca fiz nada só cartas e fotografias distorcidas trocadas nessa janela, e algumas angútias. Como sou irônico com o próximo isso demostra as minhas idéias e o quanto tenho de personalidade – ah sim sei compreendo, gostas de conversas com gente inteligente né – meu amigo não me tome por mal, mas eu sou intelectual.

***

É a vida toma outra dança nos tempos atuais, modernos pós-modernos contemporâneos, dentro de seus quartos com suas janelas, tendo o mundo as seus pés, mas não dentro do mundo não vivendo, o mendigo na rua é só mais um mendigo, o que vale é o Ser o Estar suas formas, Arte (seja ela o que for). Não entendo pessoas que se escondem ou querem renegar o sente, ou pior ainda não mostram a sua face (já cometi esses erros, não por vergonha, mas sim por medo de assustar a todos e de certa forma proteger todos com a minha verdade com todo o meu ser, mas percebi que isso é besteira e que hoje em dia as pessoas necessitam disso). Pessoas que não conhecem pessoas, que conhecem pessoas, os falsos intelectuais, pseudo-artistas sem movimento, sem coerência, afetados, se corroem por dentro em busca do seu EU fechado, em busca de um reconhecimento inesperado, não se pode deixar se revelar sem antes abrir a porta.
Hoje eu arrombei as portas que me fechavam, digo a minha verdade sabendo que ela não é sabia, mas é a minha verdade, errada verdade, mas é a minha, não tenho mais a janela do mundo aos meus olhos, mas tenho um mundo todo as meus pés, não tenho sangue nenhum derramado, nem mascaras e fotografias nas minhas feições, tenho um mundo e pode ele parecer pequeno e medíocre aos seus olhos, mas é meu mundo e ele esta sobre meus pés e ele é real com tudo o que a realidade tem para dar com todas as suas dores e mazelas, não tenho ar de intelectual, apenas a minha face... e dou ela a bater...

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