terça-feira, 13 de novembro de 2007

Corredor de Espera

Entre espasmos e engasgos
envolvidos docemente
em água em sangue denso
vai-se chegando num espanto
por uma estreita janela
entre-abertas - pernas-ternas
da Matriz ou Santa Sé
reimpressão
redivina
reencarnação
red-obrar
vir a luz
originar-se
ser partejado ou parido
início do teorizar
(chame como quiser)
duvidar de cada oitava
pois nove meses é que é
tempo de primavera
e lírios de São José
Pré nome alcunha apelido
duvidar de tudo duvido
insistir no sem-sentido
da estrofe de nove versos
na evolução das cenas
inicia-se o que faz míopes
necromante ignorante
o Todo-que-se-exaspera
amargo escuro espesso
brilho de luz claro-escuro
sem fim corredor de espera
insigts alguns clarões
flashs e muita fala
zumbidos de abelhas em vidro
ipês amarelos luvas
pra dedos de vento e chuva
ditados mestres discursos
acasos desvios paixões
vulneráveis criaturas
pois de vidro tudo é feito
(inquebrável canelura
só Santamarina garante)
túneis de turvos espelhos
sem largura disponível
que deformam a dimensão
ao tempo ordenado e sensível
à flor que rompe a casca
(em lenta transformação)
da seca semente e o solo
da Matriz ou Santa Sé

não se atinge nunca o alvo

ao longe difusovéu
de Gaza que semi-vela
bêbados corredores
neste corredor de espera

Ao lado do berço espantada
severíssima rezava
repetindo-se num terço
e dramática
minah mãe abominava
por meu olho de menina(o)
ter uma estrela no meio
superfície refratária
feitas curvas transparentes
cristalinas e de aumento
duas lentes revelavam
o mistério de esmeraldas

ao lado da testa o azul
de um rio à argonautas
e as presas afiadas
mastigavam dividindo
aos não bebedores de leite
doces frutos Alepinos

e minha mãe adequada
cumprindo sua miopia
me fez pária e eu partia
neste mundo distorcido
tão só sentindo alegria

***De Helena Armond

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Agarra


Inventa-se tua alma
e assuma seus enigmas
compreende que a jornada é longa
Inventa-se a tua verdade
a sua verdade
que falta nos olhos de todos

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Conto Extraordinário


"Meditar infatigavelmente durante horas seguidas, com atenção presa em algum frívolo desenho sobre a margem ou no texto de um livro; absorver-me, durante a maior parte de um dia de verão, ca contemplação de uma sombra curiosa a cair obliquamente sobre o tapete ou sobre o assoalho; deixar-me ficar, uma noite inteira, a observar a chama firme de uma lâmpada ou as brasas de uma lareira; sonhar o dia inteiro com o perfume de uma flor, repetir monotonamente alguma palavra comum, até que o som devido às repetições frequentes, deixasse de me transmitir ao espírito qualquer idéia; perder todo o sentido de movimento ou de existência física por meio de uma absoluta imobilidade corporal, longa e persistentemente mantida - eis aí algumas das mais comuns e menos perniciosas fantasias produzidas por um estado das faculdades mentais que não era, na verdade, inteiramente sem paralelo, mas que, por certo, desafiava qualquer análise ou explicação."

Edgar Allan Poe - L. Contos Extraordinários - conto Berenice

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Fora no fim de semana


(*tradução de uma música do Neil Young - Out in the Weekend)

Acho que vou fazer as malas e comprar uma perua
Levar para Los Angeles
Encontrar um lugar para chamar de meu e me adaptar
Começar um novo dia

A mulher na qual penso, ela me amou até gastar
Mas eu estou tão deprimido hoje
Ela é tão legal, ela está em meus pensamentos
Eu a ouço me chamando

Veja o rapaz solitário, saindo pro fim de semana
Tentando fazer valer a pena
Não se identifica com a alegria, ele tenta falar e
E não consegue começar a dizer

Ela tem quadros nas paredes, eles me fazem olhar pro alto
De sua grande cama de bronze
Agora eu estou caindo na estrada tentando ficar acordado
Em algum lugar na sua mente

A mulher na qual penso, ela me amou até gastar
Mas eu estou tão deprimido hoje
Ela é tão legal, ela está em meus pensamentos
Eu a ouço me chamando
Veja o rapaz solitário, saindo pro fim de semana
Tentando fazer valer a pena
Não se identifica com a alegria, ele tenta falar e
E não consegue começar a dizer

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Bebo a vida


Ainda assim
bebado himundo
sujo, mal cheiroso
caçado, vomitado
barbudo...

Ainda assim
bebo o úmido da seiva
Ainda assim
bebo a vida

Entorpeciso
Embriagado
Feliz
Bebo a minha vida
ferida, mas minha vida
e assim vivo

Pressentindo as raízes
e aprofundando elas ...

Anunciado


Nao lerei
jornais
livros
revistas
Deixo gavetas
abertas
Palavras em alguma memoria
Memória dentro de mim
Lápis
Giz
Carvão
E fica guardado esperando
Como todos vou embora
Estou indo
Embora nao sinta falta
to indo de vez
Eu fui
Graças a Deus nao acredito
Eu nao acredito
eu grito
No andar solitario
andando cavalgando
mas eu fui
perdi
mas fui ...

Por enquanto

Ainda não voltei
das nuvens cinzas
Anda não voltei de dentro.

Ainda sigo quieto
de olhos abertos
e coração em silêncio.