terça-feira, 6 de novembro de 2007

Conto Extraordinário


"Meditar infatigavelmente durante horas seguidas, com atenção presa em algum frívolo desenho sobre a margem ou no texto de um livro; absorver-me, durante a maior parte de um dia de verão, ca contemplação de uma sombra curiosa a cair obliquamente sobre o tapete ou sobre o assoalho; deixar-me ficar, uma noite inteira, a observar a chama firme de uma lâmpada ou as brasas de uma lareira; sonhar o dia inteiro com o perfume de uma flor, repetir monotonamente alguma palavra comum, até que o som devido às repetições frequentes, deixasse de me transmitir ao espírito qualquer idéia; perder todo o sentido de movimento ou de existência física por meio de uma absoluta imobilidade corporal, longa e persistentemente mantida - eis aí algumas das mais comuns e menos perniciosas fantasias produzidas por um estado das faculdades mentais que não era, na verdade, inteiramente sem paralelo, mas que, por certo, desafiava qualquer análise ou explicação."

Edgar Allan Poe - L. Contos Extraordinários - conto Berenice

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